Histórias bem-sucedidas de start-ups tais como Facebook, WhatsApp ou Uber têm incentivado cada vez mais pessoas a se aventurarem no mercado como investidores “anjo”.
No Brasil, ainda existem poucos anjos, muito pelo fato de as start-ups ainda estarem crescendo no mercado nacional, mas também pela falta de regulamentação adequada para a atividade, que não se trata de uma sociedade nos padrões comerciais de até então.
De qualquer forma, o sonho de todo investidor é ser anjo de uma start-up que virá a abocanhar o público, tais como as citadas no comecinho desse artigo. Mas primeiro, vamos entender como tudo funciona.
O que é um Investidor Anjo
O termo “Angel” vem da Broadway e descrevia sujeitos endinheirados que patrocinavam peças e produções do teatro que estavam para quebrar. Foi somente em 1978 que um professor da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, chamado Wilkiam Wetzel começou a classificar assim as pessoas que investiam em negócios de outros empreendedores.
Investidores anjo são, portanto, profissionais mais experientes, com sólido conhecimento em finanças e mercado, e que têm capital para alavancar uma start-up, isto é, uma empresa que está dando seus primeiros passos no cenário empresarial.
Em troca, eles receberão uma porcentagem ou ações dessa empresa. Os anjos normalmente não têm voz decisiva ou posição executiva no negócio, mas atuam como espécies de mentores ou conselheiros, oferecendo, além de aporte financeiro, seu know-how e network.
Características do Investimento Anjo
• O investidor anjo é geralmente um empresário (ou ex-empresário) bem-sucedido, com recursos para investir uma pequena parte de seu patrimônio em start-ups.
• O anjo não precisa ter grandes fortunas, pois deve trabalhar com aplicações que girem em torno dos 5% ou 10% de seu próprio capital.
• O investimento anjo costuma ser realizado por grupos, normalmente entre duas a cinco pessoas, para diluição dos riscos.
• O investimento médio fica em torno de R$ 100 mil a R$ 500 mil, mas pode chegar a R$ 1 milhão em poucos casos.
• O investimento anjo, em geral, não se limita à fase de implantação da empresa, mas se repete com novos aportes para fomentar o seu crescimento.
• No Brasil, os anjos são em sua maioria ex-empreendedores que querem diversificar seus investimentos e patrimônio. Por isso, costumam investir em áreas de seu conhecimento, a fim de poderem agregar valor com seu expertise.
Benefícios do Investimento Anjo
Ao contrário do que a etimologia possa sugerir, o investimento anjo não é filantropia, como já ficou claro acima. O objetivo do investidor é aplicar em negócios cujos riscos sejam no mínimo proporcionais – e de preferência menores – ao potencial de retorno.
Mas, em geral, os anjos também avaliam seus investimentos, observando o impacto que essas start-ups podem ter na sociedade. Ou seja, eles buscam gerar novas oportunidade de trabalho e renda, orientar e promover o conhecimento das futuras gerações, desenvolver novas tecnologias e promover inovações para melhorar a vida das pessoas.
Para quem recebe o investimento, além do benefício do aporte de capital – os custos iniciais de um empreendimento podem impedir a sua viabilização –, receberá orientação estratégica e financeira de alguém que já passou por isso antes, com sucesso. Além disso, os anjos costumam abrir as portas para sua rede de relacionamento e, em matéria de negócios, todos sabemos que relacionamento é preponderante.
As etapas de investimento de uma start-up
Em primeiro lugar, os anjos fazem uma análise completa do negócio que irão “apadrinhar”.
Essa avaliação geralmente envolve:
• o grau de comprometimento dos fundadores
• o potencial do nicho e de crescimento
• um plano de negócios claro, com evidências de direcionamento
• tecnologia e propriedade intelectual de qualidade
• possibilidade de fazer novos aportes financeiros no futuro
Tendo decidido que a start-up tem potencial e merece o investimento, o anjo buscará todas as informações financeiras concernentes ao projeto, tais como:
• valor total do aporte necessário
• duração do capital
• despesas mensais
• projeções financeiras para os próximos dois anos
• margem de lucro
Por fim, o último exame será uma análise de mercado antecipada, para decidir sobre a viabilidade do produto ou serviço lançado, a qual inclui:
• plano de marketing
• campanha de publicidade
• estratégias de marketing digital e mídia social
• preço do produto ou serviço
• custo por cliente
Conforme a start-up avançar, o anjo será requisitado a dar novos aportes, para manter o crescimento e a evolução do negócio. Para decidir sobre esses novos investimentos, os anjos acompanham as metas e resultados alcançados pela empresa, a fim de resolverem se ela merece continuar recebendo seus recursos – e seu tempo.
Nesse momento, os anjos já têm um conhecimento maior tanto do empreendimento quanto dos empreendedores, e são capazes de avaliar melhor os riscos e oportunidades relacionados.
Planilhas para quem está começando um negócio
Se você tem interesse em ser um investidor anjo, você precisará estar a par de absolutamente todos os dados e números da empresa, como acabamos de ver no tópico anterior, para evitar prejuízos e aumentar a chance de retorno.
Caso você, por outro lado, seja um empreendedor buscando um investidor anjo, você também deverá ser capaz de demonstrar ao seu mentor todo o potencial de sua empresa, bem como a evolução seguinte.
Para facilitar qualquer um desses trabalhos, você pode contar com planilhas que simplificam a organização dos dados, de forma a impedir que você perca qualquer informação relativa ao negócio. Aqui vão algumas sugestões:
1. Plano de Negócios: permite que você estruture cada um dos passos relativos à criação de um novo negócio, bem como a possíveis mudanças que possam ser necessárias no caminho.
2. Viabilidade Econômica: oferece uma avaliação completa do potencial de retorno de um novo negócio ou investimento. Através de uma base de cálculos simples, você terá os principais indicadores e relatórios automaticamente.
3. Modelo de Negócios: proporciona uma avaliação completa do modelo de negócios a ser estudado, inclusive, capacitando a comparação com outros modelos, a fim de facilitar a tomada de decisões.
4. Precificação: permite que você separe os preços de cada uma das etapas de um projeto, a fim de informar o custo final de seu investimento.
5. Pesquisa de mercado: capacita a coleta de todos os dados imprescindíveis para análise de mercado e público alvo, com gráficos claros e precisos.