Falar sobre vulnerabilidade na consultoria é se abrir para um tema complexo e de extrema importância para o sucesso do seu negócio.
Por uma questão cultural, a gente não está acostumado a tratar de emoções no ambiente de trabalho. E não é como se elas ficassem de fora da nossa vida profissional.
Talvez pareça contraditório num primeiro momento, mas fique sabendo que se mostrar vulnerável é uma postura que faz de você um consultor mais potente.
Calma que eu vou explicar melhor o que quero dizer com isso.
Vem comigo!
Para ser consultor, é preciso se conectar com pessoas
Cuidar dos nossos relacionamentos é algo fundamental não apenas na nossa vida pessoal mas na carreira de consultor também.
Afinal, são as relações que construímos com as pessoas que geram oportunidades de negócio, concorda? Além disso, é por meio delas que você constrói a sua reputação.
Justamente pela preocupação com a própria imagem, muitos consultores criam uma espécie de capa ao redor de si mesmos.
Na busca por manter uma imagem profissional, deixam de expor qualquer tipo de fraqueza.
A cultura de trabalho em que a gente está inserido espalha uma ideia equivocada de que os donos de empresa precisam ser completamente profissionais. Isso no sentido de nunca mostrar o lado pessoal.
Mas saiba que não é isso o que as pessoas esperam.
Na verdade, o que chama a nossa atenção não é a capa profissional de ninguém, mas a pessoa como ser humano, como alguém que sente, que tem uma história de vida.
Essa cultura gerou profissionais que não se sentem confortáveis em mostrar quem são no ambiente de trabalho, falar sobre a própria vida ou compartilhar os desafios que enfrentaram pelo caminho.
Isso é uma pena, já que essa demonstração de vulnerabilidade pode gerar ótimos benefícios para a sua consultoria.
A falta de conexão gera um ciclo vicioso
Brené Brown é uma das grandes referências quando se trata de vulnerabilidade. Durante muitos anos, estudou as relações humanas, investigando temas como empatia, medo, vergonha, pertencimento, coragem, entre outros.
Após percorrer uma longa trajetória, chegou a algumas conclusões bem interessantes para a gente entender melhor a vulnerabilidade.
Brené investigou dois grupos de pessoas: um que se sentia mais seguro de si e reconhecia o próprio valor; e outro que sempre se questionava. Ao tentar entender qual era o segredo daquele grupo mais seguro, ela descobriu que essas pessoas abraçavam a vulnerabilidade.
Ou seja, elas entendiam que se trata de algo necessário, que a vulnerabilidade é parte da vida. Mas por aparecer em momentos de incerteza, ela gera medo.
Se temos medo, perdemos a coragem de viver experiências e construir relações. E de onde vem esse medo?
De acordo com Brené, o medo pode vir da vergonha de não ser bom o suficiente. Com isso, as pessoas deixam de mostrar coisas sobre elas, além de achar que não merecem o pertencimento.
Consequentemente, se sentem desconectadas.
Portanto, o segredo é abraçar a vulnerabilidade, ter coragem de mostrar quem você é, de coração aberto. Aliás, coragem também é reconhecer que a gente é imperfeito.
Dessa forma, passamos a ter compaixão para ser gentis com a gente mesmo primeiro e depois com as outras pessoas.
É aí que a conexão acontece!
Para se conectar com as pessoas, você precisa ter a coragem de abandonar quem você pensava que deveria ser para ser quem você é de verdade.
Quando a gente não se deixa ser vulnerável, não permitimos ser vistos. E isso só alimenta a vergonha e o medo, que faz a gente ficar infeliz, procurando propósito e sentido sem rumo.
Se quiser saber mais, vale a pena assistir ao TED Talk da René Brown, “O Poder da Vulnerabilidade”, de 2010.
Por que fugir da vulnerabilidade não é uma boa ideia?
Bom, agora você já deve ter uma ideia do por que não faz sentido assumir a postura de “durão” o tempo todo.
Não quero dizer que seja fácil, ok? Afinal, a gente vive em uma cultura onde a fraqueza não tem vez.
É como se a emoção fosse proibida nos ambientes profissionais. No entanto, ser apenas racional é impossível, e todas as nossas decisões são influenciadas por como a gente se sente.
Ao pensar nisso, conseguimos entender que fugir da vulnerabilidade significa , por exemplo, evitar conversas difíceis, não lidar com medos e sentimentos “negativos” que surgem em situações de crise e não falar sobre coisas importantes.
E o resultado é a criação de relações onde não há conexão tampouco confiança.
Com isso, deixamos de disseminar boas ideias pelo simples receio de ser julgado, exposto ou ridicularizado. Ou seja, ninguém ganha nada com isso.
Acredite no poder da vulnerabilidade na consultoria!
Para terminar, proponho um exercício. Pense sobre a sua carreira e responda com honestidade:
- Quais foram suas maiores dificuldades?
- Quais lições você aprendeu batendo a cabeça?
- Quais erros você cometeu?
Use as respostas para contar uma história completa e verdadeira sobre você mesmo e seu trabalho como consultor.
Ninguém é perfeito e os seus clientes não esperam isso de você.
Ao compartilhar seus altos e baixos, sua história se torna mais honesta e passa a fazer mais sentido para quem a escuta.
Mais do que isso, você passa a atrair e a criar conexões reais com as pessoas.
Portanto, não há nada de errado em se mostrar vulnerável. Pelo contrário, a vulnerabilidade é o que permite construir relacionamentos importantes para a prosperidade da sua consultoria.